quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A Construção Histórica do Conceito de Trabalho

O trabalho é uma ação própria do homem mediante a qual transforma e melhora os bens da natureza, com a qual vive relação histórica e insubstituível.




Podemos afirmar que o homem sempre trabalhou e que não existirá momento na terra, que não será necessário trabalhar. (FILHO, 1994, p.22).
Segundo o Dicionário Aurélio (2001), numa definição genérica, o trabalho é entendido como: "A aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim. Uma atividade coordenada de caráter físico e/ou intelectual, necessária à realização de qualquer tarefa, serviço ou empreendimento". 
No sentido histórico negativo, a palavra trabalho é do latim (TRIPALIUM), que era um instrumento de tortura de escravos na antiguidade. Tal instrumento era composto de três paus aguçados. A ideia de trabalho era tortura.




Ao longo da história, o trabalho transformou-se em força de trabalho, medida em tração e velocidade, tal como o trabalho animal. Seja qual for o tipo de trabalho realizado o produto não pertence ao trabalhador.
O trabalho se volta contra o seu criador no sentido paradoxo: quem produz riqueza, colhe a miséria, pois sem saber, na fábrica o homem produziu a sua pobreza.


     
O homem passa a ser visto como produto

Duas metades diferentes:

1. Trabalho enquanto criação (Visão Humana)


Exercício social;
Veículo de comunicação entre os homens;
Igualdade ou diferenças entre si;
Transformar e ser transformado.


2. Trabalho como tortura: (Visão da Empresa) 

Selecionável;
Candidatos são adversários;
Apenas mais um número;
Regido por normas (Quem fez essas normas?);
A organização é um ser independente;
Objetivos adversos;
Não há líder e sim chefe.


Segundo Codo (1991), o Capitalismo fez com que: O trabalho se transformasse em mercadoria. Quem "compra" decide sobre o uso e futuro; decisões opostas ao desenvolvimento do trabalhador. O corpo do trabalhador passa a ser agredido com:

  • Jornadas que não lhe satisfazem;
  • Atividades a contra gosto;
  • Pressão por resultados;
  • Remuneração indesejada;
  • Abandono de projetos pessoais;
  • Doenças; 
  • Riscos de morte.

Resumindo:

O trabalhador trabalha, mas não como gostaria e sem poderes para decidir o que fazer com o resultado de sua produção.

O Prazer com o Trabalho

O trabalho pode proporcionar:

a) O desabrochar do SER num movimento de construção da novidade e de uso da criatividade;

b) Aprendizado na convivência, tornando-se membro da sociedade a qual pertence;

c) Exercício da subjetividade e dá uma identidade coletiva, pela qual todos se identificam a partir daquilo que fazem.

Segundo Morin (2001), existe um sentido particular do trabalho. Três estados psicológicos têm importante influência na motivação e na satisfação de uma empresa no seu trabalho:

1. O sentido que uma pessoa encontra na função exercida;
2. O sentimento de responsabilidade que ela vivencia em relação aos resultados obtidos;
3. O conhecimento de seu desempenho no trabalho.

Segundo Viegas (1988), quando o indivíduo gosta do seu trabalho, ele:
  • Se interessa pelos mínimos detalhes;
  • Preocupa-se em como melhorar;
  • Aprimora tudo o que está intimamente ligado à sua tarefa.

Hackman & Oldhan (1973) apresentam três características que contribuem para dar sentido ao trabalho humano:

A Variedade das Tarefas: capacidade de um trabalho precisar de uma variedade de tarefas que exigem ao mesmo tempo uma variedade de competências;

A Identidade do Trabalho: capacidade de um trabalho permitir a realização de algo com um começo e um fim, alcançando um resultado esperado;

O Significado do Trabalho: o aspecto imprescindível do trabalho ter um papel significativo sobre o bem-estar ou sobre o trabalho do indivíduo e do grupo, seja na sua organização, seja no ambiente social que ele proporciona.

Domenico De Masi (2001), sociólogo italiano, aponta que: "A maior contribuição do trabalho na nova economia está no conhecimento; o conhecimento, possibilita a utilização da criatividade para alavancar o desenvolvimento da civilização".  O indivíduo capaz de criar é livre e contribui para o crescimento da civilização. No mundo capitalista atual estar sem trabalho é sentir a tortura.
Trabalhar é viver, pois possibilita não apenas a construção da identidade social, mas oferece ao homem a garantia de construir projetos, num constante vir a ser. Os profissionais devem propor às organizações ações que contribuam para o surgimento do prazer no trabalho e possibilitem flexibilidade, liberdade, autonomia e participação efetiva nas mudanças e decisões com o uso da criatividade e oportunidade de aprendizagem, além de relações sociais gratificadoras com o reconhecimento de toda e qualquer contribuição dos seus colaboradores.


        

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