sábado, 7 de novembro de 2015

O Caso "Cacau Show" e a Questão da Empresa - 2ª Parte



Nesta busca de aperfeiçoamento da qualidade, fez cursos de vários tipos, desde aqueles oferecidos por grandes fornecedores e revendedores de chocolate em barra, até cursos tipicamente voltados para donas-de-casa.
Em um seminário promovido pela Fábrica de Chocolate Garoto, do qual Alexandre participava, foi realizado um sorteio, cujo prêmio era uma viagem para conhecer a matriz da empresa no Espírito Santo; seu pensamento positivo foi tão grande que ganhou o sorteio e foi conhecer de perto a fabricação do chocolate, dando início, nesta ocasião, a um relacionamento forte com a Garoto, atualmente, um dos seus principais fornecedores.
Quando se pergunta a Alexandre quais foram as maiores dificuldades enfrentadas no início do negócio, pela primeira vez, percebe-se que ele hesita antes de responder, pois não se lembra de nenhum problema especial, somente daqueles que considera "normais", que todos os iniciantes enfrentam em abrir uma empresa.
Para ele, foram normais, por exemplo, as dificuldades que teve para conseguir crédito, inclusive com os fornecedores, por ser muito novo; aqui, mais uma vez, seus pais lhe deram aval necessário, por terem experiência como empresários.
Da mesma forma, acha normais os obstáculos encontrados no primeiro contato com o ponto-de-venda, atribuindo-os ao fato de trabalhar em um mercado difícil, sobretudo bares e lanchonetes, onde, muitas vezes, a única forma de convencer o dono da loja a comprar ou ficar com o produto em consignação era colocar o pote com os bombons no balcão enquanto conversavam, esperando até que um consumidor entrasse e, notando os chocolates, perguntasse o preço e manifestasse sua intenção de comprá-los.
O empresário também considera um problema comum a todos os pequenos iniciantes a falta de capital e de infra-estrutura na empresa; com relação ao capital, aliás, ele fez questão de frisar que, durante o primeiro ano de operação, reinvestiu todo o lucro e que, até hoje, sua prioridade é continuar reinvestindo, buscando condições para produzir cada vez mais e melhor a custo mais baixo.

Seria Alexandre um privilegiado, que descobriu um nicho de mercado inexplorado, onde estava e continua sozinho, sendo esta a razão de seu sucesso?

Basta olhar para a proliferação de empresas de chocolate artesanal, mais ou menos "domésticas" e para o número de pequenos empreendimentos nessa área, que abriram e fecharam nos últimos anos, para ver que não é esta a chave do sucesso da Cacau Show. Ele reconhece que, muitas vezes, as pessoas lhe dizem que teve "sorte", mas afirma: a história de sua empresa prova que ser bem-sucedido não é tão simples.
Alexandre percebeu que aliar uma determinação com capacidade de trabalho não bastaria para o sucesso de longo prazo e que precisava evitar erros mais comuns a quem abre sua pequena empresa.
Considera que a experiência de boa parte dos novos empresários não é equitativa nas áreas de produção, compra e venda, mesmo que já tenham trabalhado por muitos anos com produto ou serviço que pretendem comercializar. Assim, podem acontecer duas situações:

  • Experiência na área de produção e desconhecimento das estratégias e procedimentos de venda.
  • Experiência em vendas e pouco conhecimento do processo de produção ou de compra de materiais.

É por isso que, na visão do empresário da Cacau Show, muitos iniciantes não conseguem manter seus negócios saudáveis.  
Partindo desses pressupostos, Alexandre fez e faz questão de se inteirar de todos os aspectos que envolvem seu produto, dos desejos e necessidades da clientela até a qualidade da matéria-prima. Já realizou, inclusive, uma pesquisa com o consumidor para avaliar a aceitação dos seus produtos.
Em função da abertura da empresa, acabou interrompendo seus estudos escolares quando cursava o terceiro ano de Administração, mas com isso não significou que tenha parado de aumentar seus conhecimentos. Como a área técnica era, e ainda é, o maior problema da Cacau Show, Alexandre está sempre participando de cursos específicos, estando em seus planos uma viagem de estudos para a Bélgica, considerada a terra do chocolate.
Pretende ainda concluir o curso de Administração e partir para a pós graduação em Marketing.
Alexandre é sempre indagado se a sua pouca idade ao iniciar o negócio foi prejudicial. Ele diz que sua pouca idade foi e continua a ser notada, mas não de forma negativa. O empresário acredita que transformou esses obstáculos em forças, conquistando seu espaço no mercado, tendo, hoje, ótimo acesso aos principais fornecedores do ramo. Além disso, acredita que ter iniciado o seu próprio negócio muito jovem trouxe-lhe a vantagem de dispor de uma enorme reserva de energia. que lhe permite trabalhar, em épocas de pico, até dezesseis horas por dia, sete dias por semana.
Nessas ocasiões, notadamente na Páscoa quando a produção é multiplicada por três, é preciso contratar mão-de-obra temporária. A empresa já precisou de mais de vinte e oito funcionários para a produção e embalagem, a fim de reforçar seu enxuto quadro fixo: quatro empregados na administração, sete na produção, dez vendedores e sete na embalagem.
A empresa ocupa, no momento, uma área de 600 m², operando rotineiramente com apenas um turno de produção; essa produção é escoada pelos 1.200 pontos-de-venda, atendidos diretamente por seus 10 vendedores que cobrem a Grande São Paulo com grande competência, não tendo filiais nem representantes exclusivos.
Para o próximo ano, a estimativa é de que o faturamento da Cacau Show gire em torno de US$ 550.000,00, e, como de hábito,a maior parte desse retorno será reinvestida na empresa. Neste ano, Alexandre adquiriu equipamentos para montar mais uma linha de produção visando:

  • aumentar a escala de produção;
  • reduzir custos fixos;
  • diminuir problemas decorrentes da forte sazonalidade por meio da automatização da produção, evitando contratar mão-de-obra temporária;
  • aumentar a padronização dos produtos;
  • diminuir o contato manual com o produto, minimizando a possibilidade de contaminação.
          
       

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