Ter acesso a uma "receita de sucesso" na área empresarial levantado seus fatores mais significativos
Minha infância foi passada na Itália durante a Segunda Guerra Mundial. Era de família muito pobre. Cheguei a dormir em estábulos, passei fome e, às vezes, ganhava algo para comer.
A Itália ficou empobrecida por causa da guerra e eu vim com a família para o Brasil em 1952. Trabalhei em construção civil e acabei abrindo, em sociedade com um amigo, um bar e restaurante, mas não deu certo. Nós nos separamos e eu fiquei com o restaurante e uma máquina de fazer sorvete que me deu um prejuízo terrível com a assistência técnica.
Em virtude das dificuldades, aprendi a desmontá-la e consertá-la. Então, desfiz-me do restaurante e abri uma sorveteria na garagem na casa da minha sogra. Em 1960, fiz a minha primeira máquina de sorvete. Depois de consertar uma geladeira, alguns amigos gostaram do meu trabalho e começaram a me chamar de "italiano do conserto". Com a fama, meus vizinhos me mandavam suas geladeiras para consertar.
Em 1975, abri uma oficina no fundo de casa para atender à demanda. Certa vez, um senhor e sua esposa me compraram uma máquina, e ele, já cauterizado pela desonestidade dos fabricantes, estava também desconfiado do meu trabalho. Ao chegar à casa deles, ela me perguntou se eu era o "italiano". Quando dei uma resposta afirmativa, ela disse ao esposo que eu havia consertado a geladeira da mãe dela há 14 anos e que nunca havia dado problema. Aí, ele pode respirar aliviado.
O que me fazia vender bem era a qualidade boa do meu produto, bem como o valor menor no preço para o consumidor.
Mas o fator fundamental para o meu sucesso foi o fato de ser conhecido como bom reparador de refrigeradores quebrados
Quando a ideia de abrir uma microempresa começou a germinar em minha mente, houve um pequeno problema: eu realmente sabia fazer e consertar o meu produto, mas meus concorrentes tinham um aliado a seu favor: direção especializada.Por incrível que possa parecer, isto era um diferencial que me fez perder para a concorrência.
Mas meus filhos, que tinham profundo apreço pelos meus esforços e já estavam na faculdade, vieram em emu auxílio. O mais velho estava cursando Engenharia Aeronáutica no Instituto Tecnológico em Aeronáutica (ITA) e o mais novo cursando Engenharia Eletrônica na Escola Politécnica Paulista (USP). Assim, podia dizer que existiam dois bns engenheiros formados em escolas renomadas no país.
Então, eles deixaram seus confortáveis empregos de gerência, com grande sacrifício para si mesmos, pois tinham excelentes salários.
Em 1990, no mês de abril, abrimos a ARPIFRIO, com dois funcionários: meus dois filhos. Foi um pequeno começo, em que não havia nenhum dinheiro, nem espaço, nem pessoas na empresa. Outro problema: nossas vendas são sazonais. Percebemos que, de junho a novembro, se vê maior volume de negócios, de modo que precisamos acelerar as vendas nessa época e deixar estoque suficiente para a outra.
Hoje, sete anos depois, houve um bom progresso: temos 35 funcionários, um deles é engenheiro mecânico, o que nos auxilia bastante. Temos um faturamento anual de um milhão de reais, o que parece muito, mas não é. Digo que não, porque pagando-se os encargos sociais da empresa, bem como os dos funcionários, os salários deles, as despesas com equipamentos, matéria-prima e outras despesas, acaba sobrando bem pouco.
A casa que eu morava, que fiz com minhas próprias mãos, hoje se tornou escritório, recepção e a sala dos engenheiros e a minha. Hoje, moro em um apartamento no centro de Santo André, que meus filhos me deram.
A gente continua a se empenhar para expandir o nosso negócio. Fizemos algumas reformas no prédio e, hoje, temos mais de 1.000 metros quadrados de área construída, o que é também um motivo de orgulho.
Nossa máquina está vendendo bem no Brasil e fora dele: Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Colômbia, Angola e África do Sul.
Posso dizer que o segredo do sucesso reside no seguinte: para a árvore crescer, precisa de uma raiz bem firmada. No meu caso, levou 24 anos para que meu negócio desse certo. Não importa quanto tempo leve; você precisa conhecer bem o que irá fazer, para que se destaque dentre outros que estão no mercado.
Sobre o futuro, sou pessimista, não em função do desenvolvimento da minha empresa, mas é meu jeito de ser. Não me iludo com a ideia de ficar rico; isso é difícil. Só espero poder viver bem e pagar as minhas dívidas.
Conselho de amigo: entenda bem do seu negócio e procure conhecer profundamente as necessidades do seu cliente; assim, você terá mais oportunidades de ser bem sucedido.
Contribuição de Júlio Cezar Maziero) ETE Júlio de Mesquita - Santo André
Nenhum comentário:
Postar um comentário